Projeto reduz em 50% emissão de CO2 e consumo de água no uso de concreto

InterCement e USP testaram tecnologia nas fundações de edifício do Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS)

São Paulo, 17 de janeiro de 2020 – A InterCement e a USP concluíram os testes que demonstram a viabilidade de uma nova tecnologia capaz de reduzir em 50% do CO2 gerado na produção de concreto. O concreto LEAP – low CO2 emission, advanced performance – exige menor volume de água para garantir durabilidade do material, e foi avaliado em relatório do Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas – PNUMA como uma das melhores tecnologias para mitigar as emissões de gás carbônico a baixo custo.

O novo concreto foi desenvolvido em parceria pela Escola Politécnica da USP e a InterCement, utilizando a estrutura fabril da empresa, e agora é aplicado nas fundações do edifício sede do Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS) do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP.

“A aplicação demonstra a viabilidade de produção de concreto LEAP em escala industrial, utilizando centrais de concreto convencionais com mistura em caminhão betoneira”, diz Carlos José Massucato, diretor de desenvolvimento técnico e relações institucionais da InterCement. Massucato acrescenta que “a empresa continua investindo em programa de pesquisa e desenvolvimento voltado para a redução de seu impacto ambiental”.

Ainda segundo o diretor de desenvolvimento ambiental e coprocessamento corporativo da InterCement, Alexandre Citvaras, “a obra consolida a posição da InterCement como uma das empresas líderes globais em concretos de baixa pegada de CO2 e reafirma o compromisso da InterCement com o meio ambiente e a redução da emissão de gases de efeito estufa”.

A nova formulação precisou de 176 litros de água por metro cúbico de concreto – uma redução de 52% em relação aos altos teores convencionais, entre 250-300 litros/m³. “A produção de concretos com baixo teor de água e, em consequência, com baixo teor de cimento implica em abandono dos paradigmas tradicionais de formulação de concretos”, afirma o Prof. Rafael G. Pileggi, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP. “É o início de uma era onde os modernos métodos de caracterização e os dispositivos de controle tecnológico deixam de ser custo e se transformam em benefícios econômicos e ambientais para os concretos.”

Além de InterCement e USP, participaram desta fase de testes as empresas Tuper, ArcelorMittal, Tarjab e Lafaete. As estacas de fundação às quais se acoplaram os sistemas de geração de energia geotérmica limpa foram desenvolvidas como parte de um projeto entre a USP e a Tuper.  As armaduras da fundação foram entregues já montadas pela ArcelorMittal. A Tarjab e a Lafaete realizaram a montagem industrializada do canteiro.

Segundo o Prof. Vanderley John, da coordenação do CICS USP, “o sucesso da primeira aplicação industrial, utilizando equipamentos e produtos disponíveis no mercado de um país emergente, deverá consolidar a tecnologia como uma opção confiável e escalável para mitigar CO2 na cadeia do cimento”. Nas próximas etapas da obra, blocos de fundação e de estruturas de concreto pré-moldado também empregarão concretos LEAP.

Sobre o CICS

Ao valorizar o necessário olhar multidisciplinar e sistêmico para a compreensão dos desafios, das possíveis soluções, e, sobretudo, da complexidade atual das tecnologias, o CICS – Centro de Inovação em Construção Sustentável busca fortalecer o avanço da construção civil sustentável a partir da geração de conhecimento que permita a devida compatibilização entre questões econômicas, ambientais e sociais. A Comissão Coordenadora é composta pelos professores Francisco Cardoso, Orestes Gonçalves, Vahan Agopyan e Vanderley John, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, que atuam junto à coordenadora executiva do CICS, arquiteta Diana Csillag.

Futura sede do CICS, o CICS Living Lab abrigará um ecossistema com o objetivo de acelerar a inovação e a sustentabilidade da construção, reunindo especialistas oriundos da academia, de empresas, de entidades governamentais e da sociedade civil. Na área científica, o CICS reúne pesquisadores da Escola Politécnica da USP (EPUSP), da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU), e do Laboratório de Eficiência Energética em Edifícios da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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